domingo, abril 20, 2008

O Descalabro

Eis que chego à poucos dias a terra de nuestros hermanos, se bem que pelo que tenho constatado até agora em termos de língua e cultura o termo mais exato para definir um parentesco desta natureza seria talvez como primos e não como irmãos. Os irmãos normalmente entendem-se quase sem falar ou pelo menos muito próximo disso. Vá, não têm os problemas de comunicação que normalmente um português tende a ter quando entra em terras castelhanas. Mas estando ainda há tão pouco tempo algo removido da realidade do dia-a-dia lusitano nunca pensei que o nosso Benfica em tão pouco tempo pudesse ir de mal a pior, ao ponto de segundo soube nas vésperas de um jogo que (apesar de este ano não decidir rigorosamente nada) permanece um grande clássico do nosso futebol e um acontecimento que nem o mais intelectual dos anti-futebolísticos consegue ficar alheio.

Fiquei a saber que quase chegavam uns quantos adeptos a vias de facto com os próprios jogadores e equipa técnica aquando da saída do autocarro do clube a caminho do norte do país.

Eu pergunto o que mais falta para que esta situação descambe na vergonhosa lavagem de roupa suja que foi a saída de Vale e Azevedo da presidência do clube. Porque verdade seja dita já estivemos mais longe dessa situação. Quando se chega à situação de vários adeptos quererem, por muito poucos e tresloucados que sejam, travar-se de razões directamente com os jogadores e direção é sinal de que algo muito urgente e importante é necessário fazer.

Espero que hoje à noite a resposta seja digna de um grande clube e saibam arregaçar as mangas e dar uma grande e bela alegria aos adeptos que bem o merecem. E que melhor situação se for contra o já-campeão F.C.Porto.

sexta-feira, abril 18, 2008

Primeira gaffe

Pois caros amigos, como novo castellano tenho-vos a dizer que cometi hoje a primeira gaffe de calão. E melhor ainda é que foi sem dar por isso. Apenas me apercebi que tinha dito algo de errado quando a professora se começa a rir às gargalhadas, tendo que se sentar e limpar o que me pareceu ser o início do escorrimento de uma lagrimazita.

Ora tratava-se de um exercício de conversação em que os alunos tinham de construir frases nos diversos tempos do passado e presente. Passado, para já apenas nas formas "preterito perfecto y indefinido". Ora a professora ia distribuindo papéis que tinham desenhos de ações com a respectiva legenda do verbo no infinito, certo? Todos comigo até aqui?..ótimo (não estranhem, é de propósito que já não escrevo as consoantes mudas. É para me ir habituando ao novo acordo ortográfico lusitano). A professora ia distribuindo pelas três equipas os papéis e tinhamos trinta segundos para construir uma frase, não demasiado simples, até ser distribuído novo papel. Fomos a equipa que mais acertou tenho orgulho em dizê-lo mas não escapamos a uma bela gargalhada da professora.

Tudo coria bem durante a correção com a anotação dos pontos a ser-nos claramente favorável. Chega a vez da minha equipa dizer mais uma frase para correção. O verbo era correr. Era a minha vez de transmitir oralmente a resposta da minha equipa, resposta essa que também tinha sido eu a concebê-la. E era assim: "Juan se corre todos los dias después del trabajo". Ora o tempo verbal está correcto, disso tinha a certeza. Mas fiquei com a impressão que havia algo de errado quando mal acabo de dizer a frase a professora explode numa gargalhada tremendamente sonora, eu pergunto o que se passava, ela não consegue parar de rir para me responder, apenas me fazia sinal para esperar com a mão porque dizê-lo estava fora de questão. Os outros colegas também estavam curiosos para saber o que havia eu dito de tão cómico dado que também não haviam percebido.

Após duas ou três tentativas de se expressar sem recomeçar de imediato a rir lá percebi finalmente o que havia eu dito...

Ora existem dois verbos muito similares "correr" que quer dizer exatamente a mesma coisa que em português. E o verbo "correrse" que é algo calão. Sabia que tinha acabado de dizer algo porco, mas tive mesmo a certeza quando inicialmente a professora recusou-se a nos dizer, ou explicar o que tinha eu dito. Após alguma insistência da nossa parte lá nos explicou que tinha acabado de dizer, e passo a trduzir para português: "O João vem-se todos os dias depois do trabalho".

Está explicado...e sim, dou razão à professora tem muita piada. Foi um fartote de riso quando nos deu a perceber o meu erro. Ri-me bastante também.

Viva o Chef!

Não querendo transformar este nosso cantinho, num blog gastronómico, a verdade é que me sinto compelido a falar de comida. Talvez seja o horário tardio em que escrevo, a pedir já a ceia, mas a fome e a vontade de comer têm destas coisas... Não escolhem horários. Ora, digo-vos que hoje comi uma carilada que foi um fartote! E a parte melhor é que fui eu que a cozinhei. Caminho a passos largos para auto-suficiência! Já me lavo sozinho, a masturbação é inata, tanto física como mental, e agora isto. Embora já consiga confeccionar uma série de pratos, sem que estes me causem qualquer tipo de intoxicação alimentar, o que eu gostava mesmo é de ser como aqueles senhores que apresentam programas de culinária na TV. Ainda no outro dia enquanto degustava a minha última garfada do meu prato, e embora já estivesse com o estômago bastante aconchegado, eis que na televisão passava nesse momento um programazeco, em que um bonacheirão cozinheiro preparava um Pato com Vinagre de Framboesa (este prato mereceu maiúsculas), e eu instantaneamente (re)comecei a salivar! O aspecto era sensacional digo-vos, apesar de estranho que vos possa parecer... Mas ainda mais do que o prato em si, o que me fez roer de inveja foi o jeito e o à vontade do senhor naquela cozinha. Para ele não havia segredos nem truques. Tudo parecia muito simples mesmo para algém muito estúpido como eu. Há pessoas que gostavam de ser como o Ronaldo, como a Angelina Jolie ou até mesmo como o Sócrates (há sempre alguns com as vistas curtas...), mas eu, eu quero ser como aquele senhor! E se assim se concretizar, vou ser gordo, muito gordo! E vou ser feliz...

quinta-feira, abril 03, 2008

Tem o molho poder absoluto?

Tinha como dado adquirido caros leitores que molho e francesinha andavam constantemente de braço dado. Ora recentemente, hoje para ser mais exacto, este meu pressuposto foi completamente deitado por terra. Num sítio bem conhecido acompanhado por um belo "baixo" pedi uma francesinha americana. Tenho-vos a dizer que o a seguir se passou marcou-me para o bem e para o mal. Então não é que o raio da francesinha era esplendorosa no entanto o molho estava a mais...?? Isto é tanto mais chocante quando realizamos que o molho praticamente "faz" a francesinha. Era um molho que me dá alguns calafrios só de sequer voltar a pensar nele. Estou a exagerar um pouco, era modesto (não intragável) até porque devorei a sua essência até à última gota. E daí não, deixei algum no prato. Mas adiante... O gosto era muito semelhante àquela sopa de cenoura ultra-passada que (algumas pessoas perceberão do que estou a falar) nos obrigavam a degustar na escola primária, e quem diz na primária diz nas escolas básicas e secundárias. Aquela sopa que, quando tomávamos conhecimento pelo papel que nos dava a conhecer o teor da ementa do almoço, dava uma enorme vontade de entrar pela cozinha dentro e praticar a muito conhecida táctica do "waterboarding", neste caso seria mais "carrotsoupboarding" até a danada da mulher prometer que nunca cometeria tal acto perverso alguma vez mais. A sopa é algo a que uma pessoa se habitua. Enquanto o acostumar à sopa demorou uns bons meses, se bem que uma pessoa nunca se habitua totalmente, o acostumar ao molho demorou aproximadamente 15 minutos (até chegar ao primeiro terço da francesinha). Depois até foi bem.
Em comparação, a francesinha estava divinal. Um bom e tenro bife, como se quer. Um bocadinho de cebola-que foi uma inovação para mim. Também a linguíça não faltou à festa. Estava ao nível das melhores, daí o aparente paradoxo. Mas isto, meus caros, é apenas uma opinião. O que há de bom nestas lides relativas à culinária é que o melhor é sempre irem experimentar por vocês próprios.

Tou é com muita sedinha...deve ter sido da cebola...