Mais uma vez partilho bom Português
Recebi há muito pouco tempo um livro e comecei agora a lê-lo não tendo portanto ainda chegado ao seu fim...No entanto, e porque me tem agradado tanto, deixo aqui a publicidade e pequenos excertos poéticos. Da autoria de Ana Salomé, uma jovem de 24 anos, o livro intitula-se "Anáfora":
"Manual De Como Descalçar Sabrinas A Meninas"
"Quando descalçares sabrinas terá de ser com procedimentos cinderélicos. Terás de amar os pés, mesmo que partidos ao meio, na destruição dramática dos seus vinte e seis ossos. Todos os pés de vento. Toda a sua minuciosa anatomia de quem quer andar como quem canta. Prever o mais breve e inútil movimento no sistema esquelético. Encontrar-lhe os lírios nas sequelas dos músculos. Dar-lhes corda. Pô-los a tocar sob ameaça de tempestade.Sentar-te na margem dos rios sinoviais e atirar-lhes as pedras. Pô-los a pensar sobre os caminhos - dar-lhes caminos. Encontrar-lhes as faces e beijá-las nas suas destrezas. Retirar com cuidado e deixar pousar o pé sobre o chão."
"O Rio De Siddartha"
"Nem sempre sei ouvir o rio, ouvir-lhe as vozes e os conselhos. Talvez nunca, para ser precisa. Por isso duvido e os meus passos tremem. O coração tolda-se-me à sua passagem e mingua-se. A vida torna-se-me imprecisa como quando a língua entaramelada na boca quer falar, só não sabe que palavras. Que caminhos proferir e preferir. O rio que a vida é poucos são os que o vêem e menos ainda aqueles que o ouvem. E raros são os que vendo-o e ouvindo-o o compreendem. Felizes esses."
"Manual De Como Descalçar Sabrinas A Meninas"
"Quando descalçares sabrinas terá de ser com procedimentos cinderélicos. Terás de amar os pés, mesmo que partidos ao meio, na destruição dramática dos seus vinte e seis ossos. Todos os pés de vento. Toda a sua minuciosa anatomia de quem quer andar como quem canta. Prever o mais breve e inútil movimento no sistema esquelético. Encontrar-lhe os lírios nas sequelas dos músculos. Dar-lhes corda. Pô-los a tocar sob ameaça de tempestade.Sentar-te na margem dos rios sinoviais e atirar-lhes as pedras. Pô-los a pensar sobre os caminhos - dar-lhes caminos. Encontrar-lhes as faces e beijá-las nas suas destrezas. Retirar com cuidado e deixar pousar o pé sobre o chão."
"O Rio De Siddartha"
"Nem sempre sei ouvir o rio, ouvir-lhe as vozes e os conselhos. Talvez nunca, para ser precisa. Por isso duvido e os meus passos tremem. O coração tolda-se-me à sua passagem e mingua-se. A vida torna-se-me imprecisa como quando a língua entaramelada na boca quer falar, só não sabe que palavras. Que caminhos proferir e preferir. O rio que a vida é poucos são os que o vêem e menos ainda aqueles que o ouvem. E raros são os que vendo-o e ouvindo-o o compreendem. Felizes esses."
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1 Comments:
Gostei realmente quando com o português consegue-se escrever umas coisas bem interessantes.
E ainda por cima escrito por alguém da nossa idade.
Faz-me pensar que já devia produzir alguma coisa.
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