quinta-feira, janeiro 05, 2006

Tão breves horas...

Não queria nem podia deixar de transmitir uma palavra de conforto e pesar a familiares e amigos de Custódio Sá pelo seu desaparecimento prematuro.
Tive o previlégio de passar uma (longa e boémia) noite em sua companhia onde também se encontrava arba:a. Por isso mesmo apenas posso falar por essas breves horas em que a sua companhia me fascinou imenso.
Por entre a avalancha de copos de cerveja que insitia em cair sobre a mesa onde nos encontrávamos tive a percepção de estar na presença de um homem com um apetite insaciável pelo conhecimento em todas as suas vertentes. Uma pessoa bastante humorística que falava sem rodeios, pondo o dedo na ferida onde houvesse ferida por descobrir, nunca pondo ninguém de parte, englobando todos os presentes no assunto da discussão, instando todos a contribuir com opiniões e posições para tornar mais colorida e interessante a conversa.
Dava a impressão de ser daquelas pessoas que ouviam genuinamente o que rapazolas de 22 ou 23 anos tinham a dizer e a exprimir, o que é muitas vezes raro ver no dito "mundo maduro e adulto", acerca de tudo e mais alguma coisa.
Eram 6:00, 6:30, não me lembro ao certo, quando nos lembraram que tinhamos de ir andando... Mas facilmente nos imagino a ficar naquela mesa cursando vaga após vaga de cerveja tentando chegar à verdade dos mistérios do universo humano para apenas sermos interrompidos por telefonemas aflitos de familiares que não sabiam do nosso paradeiro na manhã seguinte. Não chegou a isso mas poderia facilmente ter sido o caso.
Foi um genuíno prazer tê-lo conhecido e tenho a certeza que todos os que entraram em contacto com ele levam consigo uma bela impressão de uma excelente pessoa.
Até sempre...
"A morte finaliza uma vida, não uma relação."

4 Comments:

Blogger Catus said...

Pedwar EXCELENTE!!!
Para quem acredita em Deus (e eu gostava de acreditar). Uma musica a certa altura diz "Deus leva os que ama, só Deus tem os que mais ama" temo que seja verdade pois para quem é bom a morte chega sempre cedo demais.

06 janeiro, 2006 00:22  
Blogger Arba:a said...

Excelente post...digo isto com orgulho por dois amigos: quem escreve e quem partiu. Era de facto uma inesgotável fonte de sabedoria, um insaciável "leigo" que enfrentava o desconhecido sempre com uma humildade tremenda de quem não sabe mas vai procurar para aprender. Um homem que se dava com todos e a todos, incitando ao conhecimento, à reflexão e, acima de tudo, a que se vivesse esta vida que nos dão...A forma como ele viveu e a forma como partiu mostram como tudo pode ser belo e ao mesmo tempo efémero. Felizmente, as recordações que guardámos (e guardaremos sempre) só nos podem dar força, nunca fraqueza. Como ele diria, Custódio olhou Tanatos nos olhos e sorriu...Ele tinha tudo, Tanatos era nada.
Catus, já pensei nisso muitas vezes...mas concluí que talvez sejamos nós que sentimos mais a falta de quem é bom e por isso parece que nos são mais vezes "roubados". Mas imaginar que, se existe um Deus, ele ama o Custódio, eu compreendo-O. Difícil era não amar...Obrigado Pedwar.

06 janeiro, 2006 01:59  
Anonymous Anónimo said...

"...quem já passou por essa vida e não viveu, pode ser mais mas sabe menos do que eu, porque a vida só se dá para quem se deu, p'ra quem amou, p'ra quem chorou, p'ra quem sofreu(...)quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada não..." Um poema de Vinicius de Moraes que, na minha opinião, retrata bem a vida que o meu tio levou...principamente tendo em conta que a última das imensas grandes conversas e conselhos que me deu foi precisamente "Ama muito, Franga (como ele me chamava)... O mais importante nesta vida toda não é porra nenhuma senão amar muito!"

07 janeiro, 2006 22:55  
Anonymous Anónimo said...

Keep up the good work » » »

15 fevereiro, 2007 13:33  

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