sexta-feira, junho 22, 2007

Este país...sofrido

Aqui está um texto que, não sendo da minha autoria, reflecte certamente uma preocupação global e a que todos já nos teremos dedicado, nem que seja por breves minutos...Obrigado Manuel Coelho!


"Desencorajado, ou talvez num estado de espírito miserável. É assim que classifico o meu ser dos “dias últimos”. O porquê? Não sei, ou melhor. Estou careca de saber. Sou apenas mais um homem que diariamente assiste ao “progresso” do nosso país. Coloco de imediato a hipótese de ser muito mal relacionado, pois, e de forma muito contraditória ao que se ouve diariamente nas nossas telefonias e na tv que insiste entrar em nossas casas com notícias enganosas, aquando das minhas relações pessoais e profissionais, apenas vejo e sinto um enorme desânimo na população portuguesa. Serei eu que estou a ver o nosso futuro de forma tão negra e sem volta? Já lembrei essa possibilidade para mim próprio por inúmeras vezes. Mas, e infelizmente, acho mesmo que não. É com uma enorme mágoa que não aceito ser um equívoco meu. Palmilho o nosso país de lés a lés, já conversei com dezenas, … acho mesmo que posso dizer centenas de pessoas e os textos são idênticos. Vejo uma grande agonia quando nos referimos por exemplo ao pequeno comércio, que por mais que se esforce, por múltiplas acções que adopte, não são correspondidas como seria de esperar. E não são porquê? Apenas e só porque não há liquidez. Os bolsos dos portugueses estão com os cêntimos contados para fazer face às despesas que são muitas.E os professores?? E o desprego?? Os impostos?? ... ... ...Não adiantarei mais tópicos, pois pediram-me para não me alargar muito no texto e, estou certo que não mais pararia.
Deixem-me só contar uma breve história passada comigo há uns dias atrás, quando estava em conversa de circunstância num bar de um hotel em Lisboa. Cheguei ao bar e encostei-me ao balcão ao lado de um sujeito a ver a bola. Era mais um jogo que passava na sport tv sem qualquer interesse, pelo menos para mim. Passados uns minutos, e sem dar bem por ela, tinha entrado em conversa com o dito sujeito. Era espanhol, trabalhava para uma empresa norte americana de congelados e era o responsável comercial pela península ibérica. Tra-la-la la-la-la até que me senti reduzido à nossa insignificância. Disse-me ele que tinha iniciado a sua acção em Espanha e que tinha vindo agora para Portugal. Então referiu-se assim. “Vê lá tu” (os espanhóis são menos formais do que nós, tratam tudo e todos por tu) que estava encantado pois tinha conseguido arranjar um homem português de Aveiro. Esse mesmo homem estava naquele preciso momento no Algarve, e estaria na manhã seguinte bem pela fresquinha em Lisboa Dizia ele surpreendido: “se eu quiser, amanhã mando-o para o Porto e ele vai!!! A conversa prosseguiu e ele adiantou que em Espanha jamais conseguiria arranjar um homem com esta disponibilidade por “apenas” 30.000€ ano, mais carro, telemóvel e despesas de representação.
Podem bem dividir este montante pelos doze meses do ano, que irá dar um salário de 2.500€ mensais, mais carro, mais telemóvel, mais despesas de representação etc., etc.. E ele ainda me disse surpreendidíssimo que em Espanha não conseguiria ninguém com esta disponibilidade por tão baixo preço. Agora levanto eu esta questão? 30.000€ Anuais, mais carro, mais telemóvel e despesas de representação não fará qualquer português viajar as 24h diárias de norte para sul do país?
Estaremos nós de verdade na UE? Um país governado e comprovado publicamente por gente pródiga que vive como príncipes e princesas e permanentemente apregoam e reduzem a qualidade de vida dos portugueses! São inúmeros os casos que conhecemos, podendo mesmo ignorar os que desconhecemos como que se não existissem para que não nos sintamos tão mal governados.
Apenas refiro o que me deixa muitas dúvidas quanto ao futurinho da nossa querida pátria. Não seria bem melhor permitir que qualquer um dos outros países da UE ou a própria, fizessem uma avaliação do nosso património e simultaneamente um leasing pela diferença entre o nosso valor e os milhões e milhões de euros que temos em dívida e que jamais poderemos vir a honrar? Entregávamos de uma vez por todas a governação a quem nos possibilitasse viver de forma asseada e honrada, mas ao qual pudéssemos chamar de vida vivida e não vida para pagar dívidas. Ou seja, compromissos.
Peço uma dedicada reflexão.


Manuel Coelho"

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