quinta-feira, março 30, 2006

A magia da prosa de Margarida Rebelo Pinto...

Como se sabe, eu não sou adepto da escrita da Margarida Rebelo Pinto. Aliás, sou um confesso não-adepto! Acho-a "corriqueira", vulgar e, portanto, longe daquilo que eu entendo que a literatura deve ser. Sei que há outras opiniões e que a minha posição pode ser redutora para algumas pessoas, mas isso não me impede de dizer o que penso...e ouvir o que os outros têm a dizer. Assim, tentando não fazer (mais) juízos de valor sobre o que vou escrever de seguida, pretendo lançar mais uma "acha" para esta "fogueira" que é a qualidade da escrita desta senhora...Então cá vai:

"E, como diz António Lobo Antunes, quando um coração se fecha, faz muito mais barulho do que uma porta", In As Crónicas da Margarida, pág. 143

"O António Lobo Antunes diz que o coração quando se fecha faz muito mais barulho do que uma porta", In Não Há Coincidências, pág. 242

"Quando o coração se fecha faz muito mais barulho do que uma porta, diz o António Lobo Antunes", In Artista de Circo, pág. 147.


Em jeito de "piadinha irritante" final, anuncio aqui o meu futuro livro: "José Saramago intitularia este livro de Memorial do Convento". Este meu livro começará assim: "José Saramago iniciaria este livro assim: D.João, quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa..." e por aí fora.

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terça-feira, março 28, 2006

Boa Sorte!!


Mais uma vez este adepto (sportinguista!) vem assim desejar Boa Sorte ao Benfica e a todos os que torcem para que mais uma página de história se escreva hoje contra o Todo-Poderoso Barcelona. Certamente esta equipa do Barcelona é respeitada e admirada por todos mas é preciso acreditar que não é imbatível...Haja fé!!

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segunda-feira, março 27, 2006

Frases famosas.

Vou iniciar uma nova rubrica no blog. Onde se encontram as frases famosas.
Para começar "Tudo vale a pena se a alma não é pequena:" de Mensagem, Mar Portuguez.

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

domingo, março 26, 2006

Que grande letra...

Dos grandiosos e muito lusos Xutos & Pontapés, cá vai uma verdade...:

"Chuva Dissolvente"

Entre a chuva dissolvente
no meu caminho de casa
dou comigo na corrente
desta gente que se arrasta.
Metro, túnel, confusão,
quente suor vespertino
mergulho na multidão,
no dia-a-dia sem destino.

Putos que crescem sem se ver
basta pô-los em frente à televisão
hão-de um dia se esquecer
rasgar retratos, largar-me a mão.
Hão-de um dia se esquecer,
como eu quando cresci.
Será que ainda te lembras
do que fizeram por ti?

E o que foi feito de ti?
E o que foi feito de mim?
E o que foi feito de ti?
Já me lembrei, já me esqueci...

Quando te livrares do peso
desse amor que não entendes,
vais sentir uma outra força
como que uma falta imensa.
E quando deres por ti
entre a chuva dissolvente,
és o pai de uma criança
no seu caminho de casa.

E o que foi feito de ti?
E o que foi feito de mim?
E o que foi feito de ti?
Já me lembrei...Já me lembrei, já me esqueci

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segunda-feira, março 13, 2006

Duras verdades...

Agora que a faculdade acabou e que vejo esporadicamente os meus grandes amigos com quem partilhei quase todos os dias dos meus últimos quatro anos verifico como isto é tão demasiado verdade...Apesar de ser mais evidente em relação aos amigos da faculdade, o mesmo já aconteceu com outros. Por isso, em jeito de apelo, aqui fica este texto:

"Um dia a maioria de nós irá separar-se. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, os sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida.Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...nas cartas que trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...Aí, os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar cada vez
mais raro.
Vamo-nos perder no tempo....Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão:
'Quem são aquelas pessoas?'
Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto!
-'Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!'
A saudade vai apertar bem dentro do peito.Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente......
Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último
adeus de um amigo.E, entre lágrima abraçar-nos-emos.
Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo.....
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades....
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"


Fernando Pessoa

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quarta-feira, março 08, 2006

Boa sorte!!


Venho mais uma vez desejar boa sorte ao Benfica na sua cruzada pela Europa! Desta vez o jogo será ainda mais difícil, ainda mais sufocante e, portanto, a eventual vitória ainda mais saborosa...Esperemos que assim seja!

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Poema em Linha Recta

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem
pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu um enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semi-deuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza."


Álvaro de Campos

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domingo, março 05, 2006

Mais poesia para as pessoas...É sempre bom!

"Se partires, não me abraces - a falésia que se encosta
uma vez ao ombro do mar quer ser barco para sempre
e sonha com viagens na pele salgada das ondas.

Quando me abraças, pulsa nas minhas veias a convulsão
das marés e uma canção desprende-se da espiral dos búzios;
mas o meu sorriso tem o tamanho do medo de te perder,
porque o ar que respiras junto de mim é como um vento
a corrigir a rota do navio. Se partires, não me abraces -

o teu perfume preso à minha roupa é um lento veneno
nos dias sem ninguém - longe de ti, o corpo não faz
senão enumerar as próprias feridas (como a falésia conta
as embarcações perdidas nos gritos do mar); e o rosto
espia os espelhos à espera de que a dor desapareça.

Se me abraçares, não partas."

Maria do Rosário Pedreira, in "O Canto do Vento nos Ciprestes"

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